Atores de Dourados encenam o romance "Querô : Uma Reportagem Maldita"
Polêmico e atual, o livro do escritor Plínio Marcos, "Querô: Uma Reportagem Maldita" vira peça de teatro em uma adaptação feita pelo grupo de teatro douradense Theastai. O espetáculo, segundo o líder do grupo, João Rocha, mostra a realidade do país. “Nós queremos que o público ache interessante o espetáculo, mas que entenda que a peça é uma crítica que não é bonita. Na televisão e em algumas peças teatrais os finais são sempre felizes, no caso do Querô não acaba em final feliz”, explica o ator.
Plínio Marcos escreveu o livro em 1976 e apesar de seus 35 anos de lançamento continua atual, se adaptando facilmente a realidade brasileira. Na época que escreveu o romance, o dramaturgo era considerado um autor maldito, pois foi um dos primeiros a retratar a vida dos submundos de São Paulo. Na época, poucos tinham escrito sobre homossexualidade, marginalidade, prostituição e violência com autenticidade. “Na adaptação do texto para a peça nós não mudamos uma vírgula do que ele escreveu, não alteramos nada do texto”, explica Rocha que foi responsável pela adaptação do livro Querô para o teatro.
O espetáculo
A peça conta a história de um menino que fica órfão depois que sua mãe se suicida tomando querosene. A partir disso ele se torna marginal e começa a roubar e matar.A encenação conta com a participação de seis atores que reproduziram cenas fortes, inclusive com palavrões. Segundo eles, para maior realismo dos personagens. “Nós tratamos do marginal de uma forma realista por isso temos que usar o palavreado que eles usam, as gírias para mostrar de uma forma mais realista possível dentro da nossa proposta, que é fazer essa crítica, que a sociedade faz de conta que não existe”, comenta Rocha.
Serviço
Os ingressos estão sendo vendidos no Studio Blanche Torres e com os acadêmicos do 2º ano de Artes Cênicas da UFGD. O valor é de R$10,00 inteira e R$5,00 estudantes. A estreia está marcada para os dias 10 e 11 de junho, às 20h no Studio Blanche Torres. O espetáculo é indicado para maiores de 16 anos. (fonte: jornal MS JÁ)
Emanuel Marinho desenvolve atividades em prol da leitura
O escritor e arte educador, douradense Emanuel Marinho, estará desenvolvendo de hoje, 27, até o próximo sábado, 28 de maio, na cidade de Dois Irmãos do Buriti, o projeto“Um Poeta na Cidade”.
A ação consiste em oferecer para a comunidade escolar diversas atividades em prol da literatura como: oficina de poesia, contação de histórias, bate-papo com poesia na biblioteca da cidade e em escolas públicas e apresentação do espetáculo “Solo para Palavras e Sanfona de brinquedo”.
O poeta foi contemplado com Bolsa Funarte
De acordo com Marinho, estar a frente deste projeto da Funarte/Ministério da Cultura, é propiciar uma vivência única com o universo da leitura, escrita e de outras linguagens. “A realização de “Um Poeta na Cidade”, com apoio da prefeitura de Dois Irmãos do Buriti, contará com atividades em sete escolas, indo de encontro as necessidades no Brasil, de estimular a prática da leitura, fundamental na transformação do indivíduo e da sociedade”, argumenta.
Cada escola apresentará a declamação de um poema. Na Escola indígena Cacique Ndeti, Emanuel Marinho mostrará para o público, a peça “Solo para Palavras e Sanfona de brinquedo”. Em fevereiro deste ano, Emanuel recebeu a Bolsa Funarte de circulação literária, para realizar o projeto “Um Poeta na Cidade”, que já foi difundido em Bodoquena. Em Dourados, o escritor vem desenvolvendo na Escola Araporã da Aldeia Bororó, a valorização da leitura e linguagem. A próxima visita de Marinho com o projeto será em Rio das Contas (BA).(Fonte: douradosagora.com.br)
O que levou os garotos de uma reserva indígena em Dourados Mato Grosso do Sul a adotar o hip hop como cultura e a criar o primeiro grupo de rap indígena no Brasil
É nóis. Clemerson (E), Charles, Bruno e Kelvin formam o Brô MC’
(Julio Maria - O Estado de S.Paulo)
Os olhos do índio Bruno Verón dizem que algo na aldeia não vai bem. Junto a três outros jovens da mesma tribo, ele tranca o sorriso, amarra o Nike e mira o alvo: o governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli. André está sentado na primeira fileira ao lado do prefeito de Dourados, Murilo Zauith, e de vereadores que inauguram com festa e discursos a Vila Olímpica Indígena da região, um espaço esportivo com campo de futebol e quadras de basquete. Bruno terá sua chance logo depois das meninas dançarinas da etnia terena. Assim que o locutor anuncia a entrada de seu grupo de rap, o Brô MC"s, o índio procura pelo governador na plateia e joga a lança: "Esta vai pra vocês que não conhecem nossa realidade, que não sabem dos nossos dilemas. Aldeia unida, mostra a cara!"
A real que Bruno canta forte, em uma mistura de guarani e português, está bem perto daquele complexo esportivo de R$ 1,6 milhão cheirando a tinta. Sua casa de quatro cômodos é dividida entre ele, a mãe, o pai e cinco irmãos. O avô morreu espancado supostamente por capangas de fazendeiros que queriam os indígenas longe dali. O irmão mais velho escapou por pouco, mas leva um projétil alojado na perna. Na casa dos Verón, arroz e feijão são lei. Carne, pouca. Salada, "coisa de paulista". Mandioca brota no quintal. Banho, só de caneca. A geladeira está quebrada. A TV funciona. O Playstation, também. E sempre, a qualquer hora, os celulares dos garotos tocam Eminem, Snoop Doggy, Racionais, MV Bill e Fase Terminal.
O hip hop chegou às reservas indígenas de Mato Grosso do Sul como se fossem ali as quebradas do Capão Redondo. Para os filhos adolescentes das 15 mil famílias das etnias terena, guarani-caiová e guarani-nhandéva, era como se cada verso tivesse sido criado para suas próprias vidas. Se Mano Brown fala de conflitos entre pobres e policiais, eles têm pais e avôs retirados de suas terras a tiros pelo homem branco. Se MV Bill cita o tráfico de drogas, seus amigos estão cada vez mais fascinados pelo crack. "É uma das regiões mais problemáticas do Brasil", diz o antropólogo especialista no grupo guarani há 40 anos, Rubem Thomaz de Almeida.
A luva também serve quando o assunto é música. O ritmo duro e constante de uma expressão 90% percussiva estaria facilmente em um ritual caiová. "Eu não pensava nessas coisas antes do rap. Ele que me fez ver nossa situação", diz Bruno Verón.
Foi em Bruno e no seu irmão Clemerson que o ritmo bateu primeiro. "É nossa chance de sermos ouvidos fora da aldeia", diz o líder. Kelvin e Charles, os outros dois integrantes e também irmãos entre si, foram recrutados na escola. Apesar dos nomes, todos são legítimos guarani-caiovás. Há muitos jovens registrados com "nomes brancos" na aldeia, como se percebe em uma conversa rápida com os garotos sobre rock and roll. "E vocês conhecem os Beatles?" "Sim, o John Lennon mora logo ali", fala Charles, apontando para a vizinhança. Ele ri, mas é sério. John Lennon, Elton John, Jack, Jackson e Sidney Magal são índios de 16, 17 e 18 anos que também escutam rap. Os meninos andam pela reserva com camisetas do Eminem e dos Racionais MC"s, tênis de basquete, bonés coloridos e celulares tocando rap. Quando se encontram, tocam as mãos abertas e depois fechadas como se faz na cidade. Muitos aprendem a dançar break em oficinas ministradas pela Cufa (Central Única de Favelas). Em uma delas, Higor Marcelo, cantor do grupo Fase Terminal, conheceu os garotos e passou a produzi-los. "Fiquei maravilhado quando ouvi", diz. Higor fez um CD demo dos garotos e agora fecha a produção para o fim do ano de um primeiro disco do Brô MC"s.
Bro Mc's - Eju Orendive
Os ventos sopram a favor dos rappers da aldeia. A primeira vez que saíram de suas terras foi em setembro de 2010, quando fizeram um show nos Arcos da Lapa, no Rio de Janeiro. Uma garrafa pet guarda a água do mar que Kelvin trouxe de Copacabana. "Era muito salgada!" São Paulo eles conheceram em dezembro, quando fizeram um show no Sesc Belenzinho. "É abafado, parece que não tem ar." Ele sorri de uma teoria sua sobre as placas das ruas que viu. "Anhanguera é um diabo velho. Anhangabaú é espírito mal do rio. A gente diz aqui que vocês foram a um pajé bêbado para dar nome aos lugares." Os Brô MC"s tocaram também em Brasília, na posse da presidente Dilma Rousseff.
E, assim, suas vidas vão ganhando instantes de fama. Clemerson é o mais procurado pelas garotas. "A gente dá autógrafo." Os olhos de guerreiro de Bruno são só para o palco. Fora dele, é um cavalheiro. Ao sair com o repórter pela aldeia de bicicleta, sugere uma caminhada quando sente o pulmão do parceiro saltando pela boca. Enquanto caminhamos, ele fala mais. Ao ver que o repórter usa aparelho dentário... "Eu tinha que usar isso, mas minha mãe disse que um raio poderia cair em mim." Ao passarmos por uma embalagem de camisinha jogada na estrada... "Aids aqui tem bastante, mas muitos meninos casam cedo, com 12, 13 anos." E ele? Não namora? "Namoro é como prisão, não dá pra fazer mais nada." Bruno é um cavalheiro e um sábio.
Um de seus raps se chama Tupã e mostra que o Brô MC"s já cria seu próprio discurso. "Aldeia, a vida mais parece uma teia / que te prende e te isola, não quero tua esmola / nem a sua dó, minha terra não é pó / meu ouro é o barro onde piso, onde planto / e que suja seu sapato quando vem na reserva fazer turismo / pesquisar e tentar entender o porquê do suicídio."
O alto índice de suicídio na tribo, sempre por enforcamento, atingiu o ápice em 2009, quando foram registradas uma morte a cada dois dias. "Até que uma criança de 8 anos se matou. Aí paramos para discutir", diz Nestor Verón, pai de Bruno. As explicações não fecham uma lógica. O enforcamento seria um simbolismo. O índio quer se expressar e não pode, então se enforca. Ou estaria passando por uma espécie de choque espiritual com a chegada de grupos religiosos cristãos. Nada é certo. "A alma de um suicida, acreditam eles, não sai pela boca, como deveria, mas pelo ânus. E então é incorporada por outro indivíduo que também irá se enforcar", diz o antropólogo Rubem Almeida.
Seja como for, o dilema se tornou combustível para a identidade de algo que já poderia ser chamado de "rap guarani". Afinal, um índio que se veste como Puff Daddy e diz "e aí mano?" afoga a tradição de seu povo? "A cultura não é estática. Ninguém vive fora do mundo", diz a professora de antropologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Lúcia Helena Rangel. O fenômeno pode aguçar pesquisadores, mas o poder público parece longe de abraçá-lo. Ao fim do show do Brô MC"s na inauguração da Vila Olímpica Indígena, o governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, é o único que não aplaude. "Não gostei, porque isso é música estrangeira. E eu sou nacionalista."
A cidade de Dourados será bem representada na 12ª edição do Festival de Inverno de Bonito. As artistas AliceA (Alice Fernandes) e Giani Torres, selecionadas por meio de edital lançado pela Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, levarão ao público um show acústico do melhor da MPB.
A apresentação de AliceA reserva surpresas. Só músicas inéditas, três de autoria própria e outras três assinadas por compositores como Ceser Mocarzel (jurado da 1ª edição do Prêmio Divas da Música Brasileira realizado em outubro de 2010, em que AliceA foi finalista), Elton Bonilha (baixista da cantora) e outra é uma poesia de Renata Boeira.
Acompositora Giani fará em Bonito o lançamento de seu disco ‘Pra Falar de Coisas Simples’, gravado em março deste ano.
O álbum, com direção musical de Adriano Magoo, conta com 11 faixas inéditas, entre elas a música ‘Um Lugar Bonito’, composta como uma explícita homenagem à cidade de Bonito. ‘Pra Falar de Coisas Simples’ tem na MPB seu alicerce e estilo, contudo, passeia pelas mais diversas influências musicais como o Jazz e o Soul. Em Bonito, o show contará com a participação de grandes músicos do cenário musical do Estado. Sob a batuta de Adriano Magoo ao piano, estarão no palco os músicos, Sandro Moreno, Alex Mesquita, André Pantera, Simão Gandhy e Biko do Trombone.
AliceA procura mostrar para o Brasil o que a Música Popular Brasileira tem de melhor. A nova aposta da MPB é estudante de jornalismo e desde que participou do prêmio‘Divas da Música Brasileira’- ficou entre as três finalistas no ano passado - vem pesquisando os artistas locais com o intuito de resgatar a musicalidade regional e as características sul-mato-grossenses com uma roupagem nova e originalidade própria.
Ouça uma das músicas inéditas de AliceA.
'Tocando Flres' é uma de sua autoria e fará parte de seu show intitulado'Tocando Flores' durante o Festival de Inverno de Bonito.
Estava tudo na pasta verde, no quarto, sobre o armário. Assim que o filho Cazuza morreu, a mãe Lucinha assumiu a tarefa das mães: respirou fundo, entrou no quarto do filho para arrumá-lo e viu a pasta.
Dentro, quase 60 letras inéditas que Cazuza escreveu muitas delas em 1989, seu último ano de vida antes de partir pela aids, em 7 de julho de 1990. Um ano de mergulhos intensos na alma. De poesias que debulhavam o amor naquelas expressões que os amantes nunca esperavam a súplicas por uma ajuda divina. Cazuza não queria morrer.
A família do artista guardou tudo por anos, como um legado inacabado. "Sempre tive muito receio em liberar essas letras a pessoas que Cazuza não conhecia. Nunca soube se ele iria gostar do resultado", diz Lucinha Araújo. Há oito meses, o C2+Música entrevistou o pai de Cazuza, João Araújo. Na conversa, João disse que não sabia que destino dar às letras. O Estado solicitou a ele uma delas para que os leitores do jornal pudessem musicar os versos de Cazuza. João coçou o queixo, pegou o telefone e ligou para a mulher. "Em quanto tempo você consegue aquelas letras inéditas do Cazuza?" Enviou as 60 à redação por e-mail e pediu que o jornal escolhesse. E a escolhida foi Qual É a Cor do Amor?
A partir de hoje, a quinta edição do Musique, agora com patrocínio do Bradesco, busca um parceiro para Cazuza. Os interessados devem compor uma canção para os versos publicados abaixo (que também estão no site estadão.com.br/musique) e enviar suas gravações até o dia 22 de junho - as regras estão no site.
O jurado convidado, Nilo Romero, produtor de vários álbuns de Cazuza, ajudará um grupo de jornalistas do Estado a escolher quatro finalistas. O quinto virá de uma votação pela internet. Esses cinco finalistas serão entregues a um colegiado de pessoas que melhor conheceram Cazuza para darem o veredicto: Nelson Motta, Frejat, Nilo Romero e Zuza Homem de Mello, além dos pais João e Lucinha Araújo. Um show de Frejat em homenagem a Cazuza será feito em São Paulo. Na ocasião, o vencedor vai mostrar a canção pela primeira vez. Fonte: estadao.com.br
QUAL É A COR DO AMOR? (CAZUZA - 1989)
Primeiro é o beijo Quente, procurado A língua procurando a outra E vendo se a boca combina Se combina o beijo Meio caminho andado Depois é a pele Se a textura vale O pelo com pelo Ou o pelo com o seu pelo Ou os pelos com meu pelo Ou o medo Depois o cheiro Um procura no outro O cheiro de colônia ou O cheiro de prazer E os dois se embriagam Ou vão até o banheiro Depois a cor O amor tem cor? Cada amor tem uma cor Cada beijo tem uma cor Cor de caramelo doce Cor de madrugada fria
Ao todo foram analisados 41 projetos de artistas interessaados em se apresentar em Bonito
“Encruzilhada, o Último Cabaré” do grupo Circo do Mato (Foto: Laila Pulchério)
O governo do Estado, por meio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), divulgou a primeira seleção de artistas e espetáculos regionais que participarão do 12º Festival de Inverno de Bonito, que acontece entre os dias 27 e 31 de julho. Ao todo foram analisados 41 projetos de artistas sul-matogrossenses para as áreas da música e artes cênicas.
A seleção das atrações musicais contou com 22 inscritos. Foram selecionados cinco shows: AliceA, Giane Torres, Jonavo e Barulho Zen, Zé Pretim e a banda Sarravulho farão as apresentações musicais no Festival. Já a seleção para as apresentações de artes cênicas, que envolvem dança, teatro e circo, contou com 19 inscritos.
Foram selecionados os projetos dos grupos Dançurbana (com o espetáculo “Plagium”), Funk-se (com “Jeans”), Mercado Cênico (com a peça “Incontornáveis”- um Teatro de Incoerência e Horror) e Circo do Mato (com “Encruzilhada, o Último Cabaré”).
A comissão julgadora na área de música foi formada pelo músico e produtor Otávio de Oliveira Neto, pela gestora de arte e cultura da FCMS, Cristiane Almeida de Araújo Freire e pelo jornalista Clayton Sales.
Já os jurados para os espetáculos cênicos foram: Venise Paschoal de Mello, coordenadora e professora do curso de Artes Visuais da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Marly Damus, professora mestre de Teoria e Ensino da Comunicação, Kátia Kuratone, jornalista, Paula Gobbo, diretora e bailarina do Grupo Litani e Marcos Moura, diretor teatral.
A seleção dos artistas que se apresentam no Festival de Inverno deste ano levou em consideração todos os requisitos exigidos pelo edital, como documentação completa, fotos para divulgação, currículo do grupo ou artista e uma sinopse do show, dados essenciais para a avaliação da comissão julgadora.
Um dia, em meio a um movimento cultural, uma amiga e irmã, me disse ao pé do ouvido: "o que vale na terra é só a arte e o amor ao próximo". Alice Fernandes, estudante de Jornalismo e eternamente amante do violão.