terça-feira, 29 de junho de 2010

Falta de civismo ou especialidade cultural?


Caro leitor, começo esse texto perguntando se o lixo é: uma questão em que o amor a terra já está em extinção ou se o lixo é uma questão cultural das pessoas, ou seja, nossa!? Não posso dizer que em todo o país a situação é igual a que vou mostrar nessa reportagem, mas já morei em outro estado e fui vizinha bem próxima de outro país e não vi muita diferença.
O lixão do Assentamento Itamarati
Considerado modelo, um dos maiores assentamentos rurais do País, o Itamaraty, com 50 mil hectares, não possui coleta adequada nem de tratamento de lixo. Localizado a 45 km do município de Ponta Porã - MS, numa área de cinqüenta hectares os Assentamentos Itamarati I e Itamarati II enfrentam silenciosamente um problema grave com o lixo produzido diariamente por aproximadamente 15 mil habitantes. Só na extensão considerada urbana, onde estão localizadas duas vilas, que juntas somam 469 casas, uma tonelada de lixo é recolhida ao mês. A coleta é feita de maneira improvisada, por dois moradores assentados, com um automóvel em condições precárias, e depois é depositado de maneira irregular numa área próxima a sede do INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, dentro do assentamento. Já nos 2.832 mil lotes, distribuídos como ANFI, MST, CUT e FETAGRI, onde não há coleta, todo material é depositado em buracos, queimado ou simplesmente deixado a céu aberto, o que é extremamente danoso ao Meio Ambiente.  
Coleta


O lixo produzido em qualquer lugar do planeta e quando usado de forma incorreta é a princípio poluidor do Meio Ambiente. Mas, por meio estratégias e com um pouco de boa vontade, isso sempre gera novas oportunidades, principalmente, emprego. E é assim que, "Seu João do lixo", João Xavier de Oliveira, 54 anos, é conhecido por todos no assentamento. É ele quem faz o trabalho de coleta, em parceria de Alcenir Marcos Nascimento, 36, com a “Cheirosa”, sua caminhonete de fabricação bem antiga. Seu João deu início ao trabalho, assim que a Fazenda Itamarati encerrou por total suas atividades em 2000, quando o governo à destinou a Reforma Agrária. “Já era funcionário da fazenda, e optei ficar aqui também, após a Reforma Agrária; comecei esse trabalho, porque ninguém queria fazer. Hoje eu vivo disso, preciso sustentar minha família, é o meu trabalho, e se eu não fizer, ainda que da maneira incorreta ninguém vai fazer”, diz. Durante o recolhimento, os materiais recicláveis como, papelão, garrafas Pet e latas em geral são colocados em uma bolsa grande, por Seu João e depois levado para sua residência onde são separados em grandes sacolas nos fundos de sua casa por sua esposa. “Separo todo material reciclado, depois que essas bolsas estão cheias, ligo para uma empresa de reciclagem de Ponta Porã, e essa vem até a minha casa buscar; são mais ou menos 5 mil quilos de material reciclado por mês”, diz Lena Pereira da Silva.

Esta é a "Cheirosa", a caminhonete que faz a coleta do lixo nas vilas

  

combustível

Necessidade
A coleta feita por Seu João e Alcenir é realizada três vezes na semana, eles chegam a realizar três viagens num só dia. É cobrada uma taxa mensal de R$ 10, pelo serviço, mas poucas pessoas fazem o pagamento. “As casas que não pagam, nós coletamos também, porque senão, muitas vezes o lixo vai acumulando e depois será jogado na beira da estrada” explica Seu João.

Ajude o homem!


O mais preocupante é que todo lixo que é pego nas vilas por Seu João, é jogado num terreno próximo a área considerada urbana e também não muito distante de uma moderna escola recém construída no assentamento pelo governo do Estado, de 2.310 metros quadrados, onde estudam aproximadamente 1.521 mil alunos. “O INCRA quem me autorizou jogar o lixo nessa área. Eu reconheço que não é correto fazer assim, mas eu preciso trabalhar e, onde eu ia jogar todo esse lixo”, questiona. Francisco Pereira Higino 48 anos, é morador há oito anos no assentamento, diz que, uma solução para o lixo no assentamento seria a prefeitura ou os responsáveis providenciarem um veículo adequado. “A camioneta do homem está em péssimas condições, mas não quero que ele perca o seu serviço, estou pedindo que dêem uma força”, afirma.

Materiais recicláveis como o papelão, latinhas, garrafas pet e outros
são separados fundos da casa de "Seu João"

Poder público
Hélio Peluffo Filho – secretário de Obras, Infraestrutura e Meio Ambiente da cidade de Ponta Porã diz que toda área do Assentamento é da União, e a interferência é um tanto restrita. “Não temos muito por fazer. Se trazemos o lixo para Ponta Porã, vamos aumentar custos operacionais, o que não resolve o problema, pois, não temos um aterro sanitário. Precisamos de um posicionamento do INCRA designando as áreas corretas para que esse lixo produzido possa ser designado numa área correta, para daí sim, podermos fazer nossa parte. Nós quanto prefeitura não temos autoridade alguma para alterar diretamente qualquer coisa lá dentro”, enfatiza. Segundo secretário, além do lixo, o assentamento enfrenta problemas como desmatamento e situação sanitária que também já é preocupante. “Toda aquela área enquanto fazenda Itamarati de propriedade de Olacir de Moreaes foi designada para um número máximo de pessoas, o que se tem hoje são aproximadamente 15 mil pessoas. Somos todos responsáveis, mas precisamos da colaboração de todos para conseguirmos trabalhar”, diz ele.
Entrevista com a candidata do Partido Verde - Marina Silva
Mudou alguma coisa?


Não só os moradores desse assentamento, não sabem o que fazer com o lixo, mas, todas as propriedades rurais espalhadas pelo Brasil. No Itamarati a realidade é bem "simples": o lixo é jogado numa área cercada de verde e depois queimado, o que é ainda pior.

Enquanto isso... A natureza chora... Mandando avisos
Tem saída? É a consciência!
Tem saída? É á ! da política!
Temos saída?
Ou, o que nos resta é gritar (na hora do desespero) Aí meu Deus!
Aí... já vai tarde....
Fotos: Alice Fernandes


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“Todo mundo 'pensando' em deixar um planeta melhor para nossos  filhos....  Quando é que 'pensarão' em deixar filhos melhores para o nosso planeta?” Herbert Viana, cantor e compositor.

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Lixo rural: do problema à solução


obs: Para vocês terem uma noção já denunciei esse caso ao Ministério do Meio Ambiente, aí o "MMA" do Governo, mandou fazer a mesma [denúncia] para a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de Mato Grosso do Sul, aí a "SMMS", mandou fazer a mesma [denúncia] para a prefeitura responsável; neste caso a de Ponta Porã; aí a "PPORÃ "disse que não pode fazer nada, porque a área dos Assentamentos, é da UNIÃO. Aí eu to tentando  fazer a mesma [denúncia] para o Lula, aí....

5 comentários:

Pausas disse...

Estou escrevendo uma *cartinha para o LATAVELHA do Luciano Huck, vai que ele ajuda a CHEIROSA, do seu joão do lixo!!!

Cla disse...

Muito bom Alice! Parabéns!

E quanto a denúncia, acostume-se com a burocracia. Ano passado fiquei quase seis meses para denunciar um pedófilo...

O importante é não desistir de fazer nossa parte.

Beijão

Pausas disse...

E fiz a denúncia no PROTESTE JÁ, do CQC, vai que dá certooo!! Confio neles e alguma coisa vai ter de ser feita!! Preciso de AJUDA GENTE!! AJUDA EU???

Anônimo disse...

Vai que da certo, vai que ele ajuda, vai que...

Para nossa infelicidade dependemos dessas infinitas esperas, mas não existe algo que não se consiga quando muito cobrado, nós leitores não devemos nos pasmar apenas com o texto ou a denúncia da Alice, temos que participar efetivamente, não somos leigos e sabemos exatamente a situação do planeta, e não digo por "espirito verde de jovem sonhador que quer salvar o mundo", digo como cidadã preocupada em pagar absurdo pela água, isso SE ela continuar a existir, não poder respirar direito, viver no calor, quem sabe até adoecer.

Impressionante como as pessoas ainda são ignorantes (ou preguiçosas) a ponto de não separar os lixos, e os orgãos públicos? Vários carros parados no pátio da prefeitura e não disponibilizam veículos e funcionários para executar este tipo de trabalho.

A coleta seletiva que existe em ALGUNS bairros de SDourados é de uma empresa privada.

Nós que temos acesso a informações, deveriamos usufruir do "saber escrever e saber nos defender" e denunciar esses absurdos também.

Lindo Alice!

Bruna Brito.

Felipe Barroso Abdo disse...

O Brasil se perde na burocracia da sua política e no desdêm dos seus governantes que se postam absolutamente alheios aos problemas sociais...
Ainda acho que o jeito é a mobilização popular mesmo!

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