Dias atrás postei algumas fotos, no Pausas, da minha primeira visita na aldeia Bororó, em Dourados-MS, com o título "Cultura indígena?", justamente para despertar em meus leitores o questionamento se existe, ou não, cultura indígena nas aldeias de Dourados. Se a primeira impressão que vem, é aquela de que índio não sabe fazer nada, ou então, que índio só quer invadir terra, que são desnutridos e que se suicidam por hobby. Desde o descobrimento do Brasil, eles como verdadeiros nativos, foram e ainda continuam sendo tratados como estrangeiros. E por quem será? Muitas vezes por mim mesma! Essa é a realidade. Mas com a sensibilizãção de algumas pessoas inteligentes e preocupadas com a extinção da verdadeira cultura desse povo, os indígenas de Dourados, têm feito de tudo para deixar sua rara e abundante cultura fluir. Como forma de esclarecer e, principalmente, de mostrar que eles sabem o que fazem e realizam atividades além do que podemos imaginar. Aí está: apresento a todos vocês a AJI - AÇÃO DOS JOVENS INDÍGENAS DE DOURADOS.
Foto: blog AJI
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Maria Alice Otre, minha professora de Jornalismo, há algum tempo faz comentários positivos sobre a AJI em sala de aula. E de repente, me permiti conhecer um pouco mais sobre o assunto relevado, ao qual ela referia e que me deixava um tanto interessada. Em seus exemplos, Maria Alice, nos dizia: " Vocês precisam conhecer o trabalho desse pessoal. "São eles quem produzem todo material jornalístico. São eles os repórteres, os fotógrafos, editores, personagens, fontes, enfim, são eles próprios, quem fazem acontecer o jornal AJIndo".
É mole! Dê uma olhada nisso gente!!!!!
É a última edição do jornal AJIndo
Agora você está me entendendo? Esse é um dos inúmeros trabalhos que a AJI executa aos indígenas das aldeias de Dourados. Como disse, a AJI não trabalha só na produção do jornal AJIndo, ela oferece também a produção de curtas [vídeos]; e, por meio deles, já conquistaram vários prêmios internacionais. Atualmente o blog da AJI está concorrendo ao prêmio de melhor weblog do mundo no concurso internacional The BOBs.
De mão em mão, é um dos vídeos produzidos pelos Jovens Indígenas de Dourados
Interessante dizer que existe uma equipe dando suporte para a produção de todo esse material. Mas são eles [indígenas] quem fazem tudo acontecer! Uma equipe que se preocupa em promover, por meio da comunicação alternativa, uma realidade inteligente e que proporciona aos indígenas vivenciar e realizar atividades comuns no dia-a-dia de qualquer outro grupo de pessoas. O mais importante nesse trabalho, acredito, é a PROMOÇÃO DA CULTURA DESSES VERDADEIROS BRASILEIROS. Mostrar que cada um tem sua cultura e que nos cabe, com muita humildade, respeitar a cultura de cada um e jamais influenciar as pessoas, achando que a nossa forma de pensar ou de ser é a que vale.
Diante disso, me calo e vejo o quanto ainda preciso aprender.
E aí, como estão os seus preconceitos?
Quer conhecer tudo sobre a AJI, acesse:
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6 comentários:
Alice, querida! Bom saber que alguns de meus comentários despertam reflexões... Essa garotada ensina muito de comunicação. Sou fã, de carteirinha! Obrigada por ajudar a instigar pessoas a conhecer trabalhos de comunicação alternativa como esse... Abraços e sucesso no blog!
Concordo com você quando diz que não damos o valor que deveriamos as culturas "indigenas"(entre aspas pois é um termo muito pobre que usamos pra definir uma infinidade de etnias e sociedades). Porém não há como não influência-los, pois eles dependem, até mesmo para a manutenção de sua cultura, da inserção e da troca de informações culturais com a sociedade não indigena.
Já conheço, também através da Maria Alice, um pouco do trabalho do Aji, muito bom mesmo. E por termos conhecido por meio de uma professora, um trabalho tão belo quanto este, e não através da imprensa, nos perguntamos se isto não é válido de ser noticia, para que outras pessoas venham a conhecer?
O que vemos sair pelas midias da vida, são todos os esteriotipos citados no inicio do seu texto, que são repassados pelas notícias, que edificam esta imagem, assim como ocorre com o MST entre outras organizacoes e grupos sociais, que são colocados a margem das páginas de jornais. Isso vale um estudo bem legal, incluindo a hipotese do Agendamento, quem sabe nao é o embriao de uma monografia ? hehe
abs
Contrariando o Jesus -Carlos- (temo até mesmo não ir para o céu!), mas discordo, eles não são exclusivos em depender de outra cultura para aprender. Não somos ímpares no mundo e ninguém nasce já sabendo algo. Quem surgiu primeiro não sei, se foi o ovo ou a galinha, mas sei que todos dependem do que já existe para agregar a seu conhecimento.
Sobre os índios, claro que não como o merecido, mas há enumeras pessoas que valorizam a cultura sim. A imagem indígena na nossa região está defasada, são estes conhecidos como bêbados, drogados, suicidas, homicidas, mas bastaria uma volta nas Aldeias para todos mudarem de opinião.
Eles acenam e cumprimentam sorrindo quem nunca viram na vida, são pessoas de corações puríssimos, as são crianças amáveis, a princípio muito envergonhadas, mas aos poucos criam confiança e se envolvem conosco o que as tornam encantadoras.
As senhoras com certa dificuldade arriscam o português, ensinam sobre tudo, adoram falar de culinária, sempre com a maior boa vontade.
EU VALOZIRO A CULTURA "INDÍGENA" E SOU APAIXONADA PELA MESMA.
Bruna Brito
Tbm conheço o Aji. Interessante o trabalho porque eles exploram os dois lados, o bom e o ruim, q existe em qquer sociedade. Falar e ressaltar que a mídia só mostra os índios qdo acontece assassinato, alcoolismo e etc, seria desconsiderar o fato, q é notícia. Uma mídia q só traz coisas boas, histórias bonitas, é coisa de revista.
É histórico e notório, basta observar, q a mídia impressa, em todo o país, faz opção por pautas quentes, para chamar a atenção do leitor. Trata-se do vender a notícia, chamando a atenção do leitor. É claro que algumas mídias extrapolam, colocam títulos irônicos e fotos q muitas vezes, julgo não ser necessário explorar. Mais uma coisa é certo: impresso é impresso.
De vez em quando existe sim matérias positivas, relatando projetos e trabalhos positivos dentro das aldeias. É claro que conteúdos como esses é de menor proporção, e bem menor. Digo-lhe, e com muita clareza, que os indígenas quando sentem necessidade, seja ela qualquer, sempre recorrem à imprensa. Eles mesmos dizem (caciques ou não) que a imprensa é parceira deles e sempre atende ao pedido, na hora de reivindicar os mais diferentes problemas, seja de moradia, falta d'água, miséria, alcoolismo, violência...
Cito como exemplo o problema da falta d'água, problema q acontecia com muita frequência em boa parcela das casas da parte alta da aldeia Bororó. Depois de a imprensa divulgar tamanha necessidade da água daquele povo, bem como em cobrar a Funasa, entidade responsável pela saúde básica indígena, investimento de R$ 10 milhões foram aplicados na aldeia, em diferentes ações. O problema da água ainda existe, mais ocorre durante algumas horas do dia, e não por vários dias, como acontecia anteriormente. O problema de lá é crítico, segundo a Funasa. Esperamos que eles possam resolver este problema.
Outros problemas, q digo q tbm foram resolvidos depois que a imprensa bateu em cima, é quanto a falta de medicamentos nos postos. Ao divulgar matéria, funcionários dos postos foram perseguidos, fato que também foi repercutido.
É por isso q digo: A imprensa mostra este lado ruim? Mostra. Mas por outro lado tenta dar uma devolutiva ao problema que aflige certa sociedade. Não que eu queira dizer q a imprensa é salvadora da pátria e que vai resolver o problema das pessoas, do mundo, mas que mexe com o poder público, isso mexe. E quando isso acontece a coisa anda mais rápido.
Quanto ao MST. Ai, ai, ai!!!!
Conheço pessoas que foram MST por alguns anos, ganharam pedaços de terras e venderam. Voltaram a ser novamente MST. Conheço tbm pessoas que já foram, e abandonaram a bandeira de sem terra.
Não sei quantos MST tem no Brasil, mas acredito q verdadeiramente não passam de vinte por cento do total que está à beira das rodovias, passando necessidade. O restante são desempregados que não conseguiram emprego na cidade ou que moram em cidadezinhas, como essas q temos no estado, e sem opção, sem perspectiva de vida, se tornam MST. Tudo isso na esperança de ter um pedaço de terra, e sonhar que com isso serão alguém na vida. Vejo que isso é problema social. Mas que nunca, pode-se olhar para todas as pessoas abandonadas nas rodovias, em barraquinhos, como pobres coitados que um dia perderam suas terras ou que reivindicam terras “inúteis, abandonadas”, que tem de monte em nosso país.
Parabéns pela iniciativa do blog Alice, bem como pelos valiosíssimos temas postados por aqui.
Cordialmente,
fmverao
ah, Alice, postei meu comentário falando precisamente do impresso. A TV não é assim tão diferente e tbm dá mais importância para as notícias que relatam algo crítico. Posso dizer q isso seria o lado mais importante do jornalismo brasileiro, do mundo. Os projetos, as coisas bonitinhas, se encaixam em cultura, editoria que sempre vemos nos minutos finais de todo jornal televisivo. Isso pq essas notícias não tem impacto.
Criticar é muito, mais muito fácil. Quero ver é fazer, e mais ainda, chegar no proprietário do jornal, da TV, rádio e dizer q tal matéria de cultura terá q ser destaque. Seria até irônico, mas......
é vivendo que se aprende...e ainda somos muitos jovens
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