Recém formada, mas com nome já conhecido na imprensa de Dourados, Thalyta Andrade fala sobre os desafios da profissão
Autores: Gilberto Nascimento e Alice Fernandes
Foto da internet
Uma carioca que hoje se diz, também, um tanto quanto sul-mato-grossense. Aos 23 anos e há três morando em Dourados, a jornalista Thalyta Andrade diz que apesar dos desafios da carreira serem muitos, e diários, acredita na profissão e na importância do jornalista dentro da sociedade em geral. Thalyta formou-se em agosto deste ano, pela Unigran, onde entrou no curso de jornalismo após se transferir do Rio de Janeiro, de onde se mudou junto com a família. “As pessoas ainda hoje depois de três anos viram para mim e se espantam quando digo que troquei o Rio por Dourados, se perguntam “como?”. Mas digo que essa foi uma das minhas melhores escolhas, principalmente no que diz respeito a amadurecimento pessoal e profissional. Acertei em cheio, graças a Deus”, conta ela, que é repórter em nada mais nada menos que três veículos de comunicação: o portal de notícias Dourados News, o jornal impresso Diário MS, e a Rádio Grande FM. Ainda sobre a mudança de Estado, ela conta que apesar das diferenças entre Rio de Janeiro e Dourados, adaptou-se bem e rápido à nova realidade. “Eu já conhecia o Estado, quando tinha seis anos fui a Nioaque visitar uma tia que morava lá. E confesso que gostei da cidade logo de cara.
Thalyta Andrade durante passagem para a
TV RIT na Praça Antônio João
Minha saída do Rio não foi muito fácil, logo depois dos meus pais se separarem, e em Dourados eu encontrei a paz e o acolhimento que precisava. Fiz amigos na faculdade, comecei a estagiar, e dar um rumo na vida”. Assim que chegou, a então acadêmica Thalyta conseguiu o primeiro estágio e também emprego da sua vida, na TV RIT, onde ficou por quase três anos, e de onde saiu quando terminou a faculdade. Ela também chegou a fazer estágio na Embrapa Agropecuária Oeste, onde teve a primeira experiência com assessoria de imprensa. “A RIT foi a minha escola, o lugar onde eu comecei de verdade a ser jornalista de fato, a ter contato com os desafios da profissão. Por isso costumo dizer que apesar da formação acadêmica ser fundamental, é a prática que separa os curiosos de quem nasceu realmente para ser jornalista. Na Embrapa eu conheci profissionais maravilhosos, e tive contato com assessoria que eu detestava! (risos). E tive um contato também com o meio rural, o que geralmente não é presente na vida de cariocas como é aqui em Mato Grosso do Sul”, destacou a jornalista, que durante a faculdade conciliou sempre mais de um emprego. Trabalhou, por certo tempo, na RIT e no Dourados News, onde foi estagiária. Depois, na RIT e na Embrapa, e por fim, na RIT, Diário MS e Rádio Grande FM. “Vida de jornalista, seja no interior ou em qualquer lugar que seja, infelizmente pela desvalorização profissional de hoje em dia, geralmente é isso: a arte de conciliar empregos para pagar as contas (risos)”.
Thalyta Andrade e o jornalista Rogério Vidmantas
durante reportagem esportiva no Estário Douradão
Em janeiro deste ano, quando ainda era acadêmica, Thalyta foi convidada para ser repórter do Diário MS, que é um dos seus empregos atuais. Em maio, perto de terminar a faculdade, o seu estágio na RIT terminou. Em agosto, depois de formada, foi convidada a ser repórter também no Dourados News. Já reconhecida no mercado, onde construiu seu nome e está construindo a carreira que, segundo relato dela, não estará sempre aqui no Estado, em julho deste ano Thalyta esteve no meio de uma confusão envolvendo estudantes que invadiram a Câmara Municipal de Vereadores, onde se instalaram alegando ser parte de um protesto contra as tarifas de ônibus da cidade. Um grupo tomou o bloco de anotações da jornalista, no intuito de reprimir a publicação no Diário MS de informações passadas por eles próprios. “Foi uma situação realmente frustrante. Essa é a palavra. Eu vinha acompanhando a ocupação desde o início estive lá na primeira reunião dos estudantes com o prefeito e, inclusive, tudo começou por uma matéria publicada no Diário MS sobre um possível aumento da tarifa. Acompanhei pela RIT e pelo jornal, e vinha sendo intimidada porque os estudantes não estavam satisfeitos com a cobertura do jornal, suponho, porque este não publicava apenas o que interessava a eles. Aí naquele dia, uma estudante concedeu a entrevista, já ofendendo o meu trabalho dizendo para que eu “escrevesse direito” e depois, influenciada pelos demais, tomou aquela atitude”, conta ela.
Sobre este fato, que gerou inclusive um processo que corre no Juizado de Pequenas Causas, a jornalista diz que é apenas um dos vários desafios do dia a dia da profissão. “Esse caso teve uma grande repercussão, mas são várias as situações frustrantes que vivemos no dia a dia. Muitas pessoas querem mandar, cercear, segurar nossas canetas, microfones, o que for. Isso é uma droga, gera um estresse que às vezes dá vontade de chutar o balde e cair fora. Mas existem as partes boas, as histórias que dão gosto de contar, os obrigados que são ditos com uma sinceridade e uma gratidão que compensam tudo. A emoção daquela informação que você descobre, daquela matéria que você sabe que ficou muito boa e que as pessoas reconhecem isso. Esse é o combustível”.
Thalyta Andrade e o jornalista César Cordeiro durante apresentação do
programa SOS Cidadão na TV RIT Dourados
Sobre o futuro, Thalyta conta que faz planos, mas que vive cada dia aproveitando ao máximo as oportunidades da vida. Se vai ficar em Mato Grosso do Sul, se vai para outro Estado ou até mesmo país, ela não sabe responder. Mas a jornalista destaca que uma certeza é absoluta, e a conduz, seja para onde for. “Responder sobre onde vou chegar, para onde quero ir é difícil. Prefiro confiar nos planos de Deus para a minha vida. Mas uma certeza eu tenho: quero ser uma grande jornalista. Quero, ainda que minimamente, fazer a diferença de algum modo. Conquistar um espaço. Nunca tive dúvidas da carreira que queria seguir, e hoje tenho mais certeza ainda. Onde estarei daqui a uns anos, só Deus sabe (risos). Mas se pudesse mirar em algo, eu miraria em ser correspondente internacional. Sempre tive vontade de conhecer outras culturas, lugares, pessoas. E se pudesse unir isso ao jornalismo seria ótimo!”, finalizou Thalyta.